Setor de TI deve crescer 10,6% impulsionado pelo segmento de devices, enquanto o de Telecom deve aumentar em 4% graças ao avanço dos dados móveis e a expectativa sobre os impactos do 5G. Saiba também quais são as tendências para esses mercados em 2022
As perspectivas para o mercado brasileiro de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) em 2022 são bastante positivas com previsões de crescimento importantes tanto em TI quanto em Telecom. A projeção é da IDC Brasil, líder em inteligência de mercado, serviços de consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Telecomunicações.
As previsões fazem parte da edição 2022 do estudo IDC Predictions Brazil que, anualmente, antecipa as tendências e movimentos desses segmentos. A expectativa é que o setor de TIC cresça 8,2%, enquanto, individualmente, TI avance 10,6% e Telecom 4%. Já o mercado de TI Enterprise, composto exclusivamente por empresas, deve crescer 8,9%.
“As expectativas de crescimento do mercado brasileiro de TIC em 2022 são as maiores dos últimos oito anos, mesmo diante de um cenário de crescimento econômico moderado na América Latina e em um período de eleições no nosso país”, explica Denis Arcieri, country manager da IDC Brasil.
“O crescimento em TI deve ser impulsionado pelo comportamento do segmento de devices, enquanto o de Telecom será puxado pelo avanço dos dados móveis e a expectativa sobre os impactos dos 5G. Já o aumento em TI Enterprise será reflexo do avanço da nuvem somado à retomada do mercado de serviços de TI e à boa perspectiva para o mercado de software”.
De acordo com IDC, as principais iniciativas estratégicas que direcionarão os gastos de TI em 2022 são: produtividade e controle de custos, customer experience, novos produtos e serviços, e atração e retenção de talentos. “A necessidade de gerar mais negócios está convidando as empresas a repensarem suas prioridades e, consecutivamente, aumentando a demanda por soluções de TI”, completa Arcieri.
As 10 tendências do mercado brasileiro de TI e Telecom para 2022, segundo a IDC Brasil, são:
1 – Demanda maior que a oferta de componentes
Em termos globais, o mercado de semicondutores deve apresentar melhora na disponibilidade de produtos, mas o Brasil ainda sentirá algum impacto pelo atraso ou restrição de dispositivos que utilizam chips de gerações anteriores e não tiveram aportes recentes. “Estão sendo feitos muitos investimentos na fabricação de chips abaixo de 10nm (nanômetros) em telecom, mas não são estes os mais demandados no Brasil. Notebooks, desktops, tablets e servidores usam, em sua maioria, componentes maiores que 40nm”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa e consultoria de consumer devices da IDC Brasil.
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Por conta disso, o mercado de dispositivos de telecom terá um ano com alguns desafios e deverá apresentar crescimento modesto de 1,9% em unidades, mas grande em valor (12,6%), gerando um total de US$ 22,9 bilhões. “A escassez de alguns componentes e produtos, e o câmbio desfavorável são os principais motivos para a diferença entre o crescimento do volume de unidades e de valor”, completa Sakis.
2 – Os ambientes híbridos, que incluem Cloud e recursos de TI tradicional, estarão em mais de 70% das empresas de médio e grande porte
A adoção da nuvem no Brasil vem sendo impulsionada pela necessidade de maior agilidade e flexibilidade na infraestrutura de TI, e, para 2022, aproximadamente 97% das empresas que já utilizam algum modelo de Cloud indicaram que manterão ou aumentarão o volume de workloads suportados por esse tipo de ambiente.
“Ajustar as práticas de segurança de TI para abranger os ambientes de nuvem será o principal desafio dos gestores, que buscarão ajuda nos provedores de serviços especializados. Neste cenário, o Data Center tradicional manterá sua importância para os negócios e se manterá presente em mais de 87% das empresas”, explica Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria de enterprise da IDC Brasil.
Por outro lado, os gastos com IaaS (Infraestructure as a Service) na nuvem pública alcançarão US$ 1,9 bilhão em 2022, um crescimento acima de 36% em relação ao ano anterior, enquanto a nuvem privada manterá um ritmo de crescimento mais discreto, avançando cerca de 7,9%, com gastos de US$ 540 milhões.
3- As complexidades de cybersecurity e as dificuldades para atração e retenção de profissionais farão com que 76% das empresas de médio e grande porte busquem serviços especializados
Assim como no ano passado, 2022 deverá ser marcado pela continuidade dos ataques cibernéticos, fazendo com que os serviços de detecção e resposta gerenciados (MDR) sigam ganhando espaço, ao mesmo tempo em que se intensifica a procura por profissionais qualificados. Das empresas consultadas pela IDC Brasil, 40% afirmaram que a falta de especialistas em suas equipes é um fator crítico, e 57% disseram que contarão com ajuda externa para gerenciar e operar ambientes com soluções modernas de cibersecurity.
“Diante deste cenário, os gastos com serviços de segurança totalizarão quase US$ 1 bilhão no país em 2022, representando um crescimento médio de 10% ano a ano desde o início da pandemia, em 2020. Já as soluções de segurança superarão os US$ 860 milhões, com a proteção na nuvem recebendo grande atenção”, diz Ramos.
4- Uso de dados para impulsionar negócios colocará Analytics, AI/ML e Data Management na pauta prioritária de mais de 47% das empresas. Edge e 5G contribuem para este movimento
Cada vez mais as empresas compreendem a necessidade de se ter insights acionáveis sobre seus próprios dados, especialmente com a ascensão dos canais digitais. Em 2022, a IDC estima que U$ 2,9 bilhões serão destinados a soluções e serviços relacionados a Big Data & Analytics no Brasil, um aumento de 10,8% em relação ao ano passado. Já em Inteligência Artificial e Machine Learning, a expectativa da IDC é de um crescimento de 28% no mesmo período, chegando a U$ 504 milhões.
“Mesmo havendo uma evolução clara, muitas empresas ainda carecem de uma cultura de dados estabelecida e difundida nas áreas de negócios, o que é necessário para que se possam estabelecer métricas e modelos de tomada de decisão ágeis, gerando maior competitividade. Neste contexto, o avanço do edge computing, estimulado pelo 5G, deve ocupar papel de destaque”, conclui Ramos.
5- Implantação do 5G standalone e a jornada de ofertas e serviços aos clientes
Em Telecom, com a realização dos leilões de frequência, o Brasil pavimenta o caminho para a chegada em 2022 do 5G standalone, que não depende do 4G. “A definição do espectro, o formato de comercialização das licenças e a concorrência obtida nos leilões evidenciam o protagonismo do Brasil na América Latina. Em relação a América Latina, vamos largar na frente tanto nas regras do jogo quanto na conversão de receita, o que nos coloca como protagonistas na oferta de 5G na região”, explica Luciano Saboia, gerente de pesquisa e consultoria de telecomunicações da IDC Brasil.
O tripé baixa latência, alta capacidade de banda (velocidade) e elevada densidade de conexões removerá barreiras, permitindo o desenvolvimento de vários elos do ecossistema de tecnologia, como devices, cloud, vendors, operadoras, desenvolvedores de software e clientes, que darão protagonismo aos use cases.
Até 2025, o 5G deve movimentar no Brasil cerca de US$ 25,5 bilhões, impulsionando a maior adoção de tecnologias como inteligência artificial, Big Data & Analytics, Cloud, segurança, AR/VR, Robotics e IoT. O mercado de telecom será primordial para todos os negócios.
6- NaaS (Network as a Service) se materializa como opção para infraestrutura de rede
Com ambientes de rede cada vez maiores e mais complexos, as empresas buscarão soluções digitais mais flexíveis e que atendam suas necessidades sem comprometer seu controle apropriado. Assim, o NaaS surge como uma maneira de melhorar a gestão e a capacidade das redes das companhias sem precisar fazer grandes mudanças nas equipes. Para 67,5% das empresas brasileiras ouvidas pela IDC, a principal motivação para contratar serviços gerenciados é a necessidade de expandir a capacidade de TI para apoiar o crescimento dos negócios.
“Optar por um formato de consumo flexível da infraestrutura de rede, entregue em um modelo OPEX, incluindo hardware, software, ferramentas de gerenciamento, licenças e serviços do ciclo de vida, passará a ser uma realidade cada vez mais comum nas empresas. Espera-se que os modelos de consumo NaaS aumentem em adoção a partir de 2022, especialmente à medida que os fornecedores do serviço criem mais ofertas e que haja uma adoção ampliada por parte das empresas”, diz Saboia.
7- Device as a Service (DaaS) evoluem para maior maturidade e ofertas mais abrangentes
A oferta de dispositivos como serviço tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil e atraído o interesse de novos fabricantes e usuários, sejam de impressoras, desktops, notebooks, tablets ou smartphones. Com melhor qualidade e quantidade, o DaaS atinge uma maturidade oriunda dos feedbacks dos personagens deste mercado e deve seguir em alta.
“O aumento dos preços dos dispositivos é outro fator que impacta diretamente na maior demanda por DaaS, já que esta é uma forma das empresas diluírem seus investimentos com equipamentos em vários anos”, explica Sakis. “Somente o mercado de PCaaS (PC as a Service), que é uma parte de DaaS, deve ultrapassar os U$ 100 milhões no Brasil este ano, representando um crescimento acima de 21% em relação ao ano passado”
8- IoT (Internet of Things) e os desafios para conciliar necessidades de transformação digital, inovação e o pragmatismo da redução de custos
Em mercados emergentes, como o Brasil, implantações de IoT que visam reduzir custos e aumentar a eficiência operacional têm mais força frente a temas de inovação. Fatores como melhorias de segurança, ganhos de receita, satisfação dos clientes e impactos ambientais são prioritários para as empresas avaliarem o sucesso e apostarem no uso da tecnologia. Em 2022, a IDC projeta esse mercado em US$ 1,6 bilhão, composto por soluções e serviços relacionados a IoT no Brasil, o que representa um crescimento de 17,6% em relação ao ano anterior.
“A crescente adoção de IoT no país será impulsionada principalmente pelas oportunidades de melhorar a qualidade, a eficiência e o customer experience do produto ou serviço. Novidades combinando IoT, 5G, Edge Computing e Analytics darão suporte e habilitarão ainda mais casos de uso de dados em tempo real”, explica Saboia.
9- Maior participação das áreas de negócio leva provedores de serviços de TI a repensarem seu posicionamento. Mais de 61% das empresas querem uma abordagem consultiva especializada.
A mudança do mindset dos CIOs e maior proximidade com as linhas de negócios — que precisam atuar mais forte e mais rapidamente em novos produtos, serviços e experiências — fazem com que os provedores de serviços de TI retomem espaço nos orçamentos das organizações e sejam reconhecidos pelo valor que podem agregar à operação e a novas iniciativas. Como consequência, a IDC prevê uma aceleração da retomada dos serviços de TI em 6,7%, ultrapassando os R$ 44 bilhões em 2022.
“Enquanto as empresas buscam parceiros que agreguem conhecimento, agilidade e experiência às suas operações, os provedores de serviços de TI estão cada vez mais consultivos e capazes de conectar seus conhecimentos técnicos às necessidades dos negócios de seus clientes. O reflexo disso pode ser visto, por exemplo, em um crescimento de 7,6% da oferta de serviços gerenciados, que deve representar 47% do mercado de serviços de TI este ano”, diz Ramos.
10- Interesse por dispositivos vestíveis segue em alta e produtos podem ganhar espaço no B2B.
O mercado de wearables tem apresentado lançamentos constantes que buscam antecipar tendências e se adaptar às necessidades dos usuários, inclusive em relação à quantidade e qualidade dos sensores embarcados nestes produtos. Para 2022, a IDC Brasil projeta que o setor seguirá aquecido, com aumentos de 15,8% em unidades vendidas e 17% em valor na comparação com 2021.
“Mesmo pressionado pela falta de componentes, notamos que o mercado de smartwatches — que ainda é o maior foco dos fabricantes — também apresenta oportunidades de crescimento, inclusive no segmento corporativo. Algumas marcas já estão trabalhando e lançando parcerias na área de seguros de vida e de saúde, por exemplo”, explica Sakis.
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